Curso de Manutenção de Fogões

Parte 1       Parte 2        Parte 3      Parte 4

Elaborado pelo Portal do Eletrodoméstico

DEFINIÇÃO

O fogão é um eletrodoméstico usado para cozinhar e assar, por meio de calor. Normalmente utilizam gás combustível para gerar energia calorífica, sendo que por intermédio de tubos, registros e injetores, consegue-se regular a altura e potência ideal da chama. Além do gás, existem os fogões combinados, que utilizam resistências elétricas, ou fogões apenas elétricos.

Aqui vamos tratar basicamente de fogões que utilizam gás para gerar calor.

TIPOS DE GASES

No Brasil, os fogões a gás se dividem em duas famílias GLP E NATURAL.

GÁS LIQÜEFEITO DE PETRÓLEO

O gás liquefeito de petróleo (GLP) é mais conhecido no Brasil como "gás de cozinha", por sua ampla utilização em cocção. Normalmente comercializado em botijões no estado líquido, torna-se gasoso à pressão atmosférica e temperatura ambiente, na hora de sua utilização em fogão.

Por ser um produto inodoro, é adicionado um composto a base de enxofre para caracterizar seu cheiro, denominada " Mercatano”. Dessa forma, é possível detectar eventuais vazamentos. É o mais leve dos derivados do petróleo, formado por uma mistura de gases propano e butano. Em certas regiões podemos encontrar maior proporção de butano, forçando o aparecimento de pontas amarelas, onde em outras a proporção de propano é maior, ocorrendo o efeito sopramento.

GÁS NATURAL (GN)

O gás natural é extraído de material orgânico e inorgânico em decomposição. Também são distribuídas por tubulações sob o solo pelas concessionárias. A utilização deste gás vem crescendo no Brasil nos últimos anos, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. O gás Natural tem grandes vantagens sobre os gases derivados de petróleo, pois sua queima sendo completa, não expele para a atmosfera a fuligem e o óxido de enxofre, resíduo altamente tóxico. Devido à pressão diferenciada como nos casos anteriores os produtos que operarem com gás natural também terão registros e injetores diferenciados.

BOTIJÃO DE GÁS GLP

O gás dentro do recipiente encontra-se no estado líquido e de vapor. Do volume total do recipiente, 85% , no máximo, é de gás em fase líquida, e 15% , no mínimo, em fase de vapor. Isso constitui um espaço de segurança que evita uma pressão elevada dentro do recipiente.

O gás GLP é engarrafado nos botijões sob alta pressão onde ocorre o processo de condensação (passa do estado gasoso para o líquido) tendo sua temperatura interna diminuída. O processo inverso ocorre na saída do gás no consumo do dia a dia passando do estado liquido para o gasoso. Todos os botijões de gás são construídos e dimensionados tecnicamente para suprir a pressão e a vazão, sendo que para o funcionamento correto do produto terá que ser alimentado pelo botijão adequado. Atualmente, os acidentes envolvendo o GLP em residências ocupam o 1º lugar no ranking de atendimentos emergenciais. Devido a isso conheça um botijão por dentro e os cuidados a serem tomados :

Composição

Na composição do GLP, a mistura ideal é de 50% de propano + 50% de butano, mas ocorrem variações nesta composição. Se tivermos uma proporção de propano maior do que a de butano, teremos um GLP rico, com mais pressão e menos peso. Se ocorrer o inverso, teremos um GLP pobre, com mais peso e menos pressão.


Quando acaba o gás

Quando a alimentação dos queimadores estiver deficiente é preciso trocar o botijão. Nunca vire ou deite o botijão, pois caso ainda exista algum resíduo de gás ele poderá escoar na fase líquida, o que anula a função do regulador de pressão e pode provocar graves acidentes.

- O BOTIJÃO NUNCA DEVE SER USADO DEITADO


Válvulas, mecanismos de segurança e lacre

Nos botijões de 5kg e 13kg, a válvula que permite a saída do gás fecha automaticamente sempre que o cone-borboleta for desconectado.

O plugue–fusível é um mecanismo de segurança desses botijões. Ele possui uma liga metálica que suporta uma temperatura ambiente entre 70ºC e 77ºC. No lacre consta o nome da empresa engarrafadora.

Ele deve estar em perfeito estado, o que garante a procedência do produto, o peso correto e que houve inspeção de qualidade. Nos cilindros de 45 kg e 90 kg, a válvula é de fechamento manual. O mecanismo de segurança vem acoplado à válvula.

Ele libera o gás para o ambiente quando há um aumento muito grande de pressão no interior do vasilhame.

Teste de Vazamentos

USE ESPONJA COM ÁGUA E SABÃO PARA FAZER O TESTE DE VAZAMENTO APÓS TROCAR O BOTIJÃO.

Para verificar se há vazamento de gás depois de trocar o botijão, passe uma esponja com água e sabão sobre a conexão do cone-borboleta com a válvula. Se houver vazamento, aparecerão bolhas de ar na espuma de sabão.

Nunca use fósforo ou qualquer tipo de chama para verificar se há vazamentos. Isso pode provocar graves acidentes.

Nunca aqueça ou coloque o botijão deitado para saber se todo o gás do botijão foi utilizado.

Essa prática tem sido responsável por grande número de acidentes como explosões.

Nunca coloque ou armazene os botijões em compartimento fechado sem ventilação tais como armários, gabinetes, vãos de escada, porões, etc...

VÁLVULA REGULADORA DE PRESSÃO

É o componente que regula a pressão de saída do gás, controlando automaticamente o fluxo desde o mínimo até o máximo consumo. Nas válvulas atuais não é permitido qualquer tipo de ajuste no mecanismo dos reguladores de pressão, devendo os fabricantes destes itens produzir dispositivos que não permitam violação.

SEMPRE VERIFIQUE se a válvula está na validade, que é de 5 anos. É fácil verificar a idade de um regulador de gás de qualquer marca. Basta ler a data estampada no verso da peça.

No centro do circuito está impresso o ano de fabricação do regulador. Em volta do circuito os pontos salientes indicam os meses de fabricação (1 ponto = janeiro; 2 pontos = fevereiro, e assim sucessivamente).

Clique Aqui para mais informação sobre Regulador de Pressão de Gás.

MEDIDORES DE PRESSÃO DE GÁS

A coluna d'água e o manômetro são instrumentos para medir pressões. Poderemos verificar a pressão estática (quando o fogão não está em funcionamento) e dinâmica (quando o fogão está em funcionamento) de trabalho dos fogões.

Utilize um conector tipo “T” metálico. Conecte a mangueira da válvula reguladora de pressão em uma extremidade. Na outra ponta conecte a ponta que alimenta o fogão. O medidor de pressão é conectado na outra extremidade do "T". Em todos os pontos de engate da mangueira utilize sempre abraçadeiras eficientes para evitar vazamento de gás e garantir a medição exata.

A utilidade da coluna de água ou manômetro também é de detectar vazamentos nas mangueiras, tubos, conexões e possíveis defeitos na válvula reguladora de gás.

FUNCIONAMENTO DA COLUNA D'ÁGUA

Os Manômetros de Coluna de Líquido são aparelhos básicos destinados a medir pressão. De construção simples, conseqüentemente apresentam baixo custo, além de apresentar vantagens tais como: não requer manutenção, calibragem especial e permite medições com grande precisão. Podem ser de vidro ou plástico, em forma de "U".

Coloca-se uma certa quantidade de água, com adição de corante para facilitar a visualização, até atingir o nível de marcação “0” em ambos os lados. Mantendo apenas um dos braços do tubo sujeito a pressão atmosférica e submetendo o outro a pressão do regulador de gás, haverá um deslocamento do líquido que se estabilizará em uma determinada posição.

A pressão será a soma desta medida dos deslocamentos do líquido, em ambos os braços do tubo. A escala de medida da coluna de água é dada em mmca (milímetro de coluna de água)

FUNCIONAMENTO DO MANÔMETRO

Ao receber a pressão do gás a bolsa de ar (diafragma) contida internamente, infla-se acionando, por meio de eixos e alavancas um outro eixo, provocando neste um movimento giratório que é transmitido ao ponteiro que se desloca sobre uma escala graduada em milibares (mbar) ou mm coluna de água. Logo, maior pressão, maior inflagem do diafragma, maior deslocamento do ponteiro, indicação de maior pressão e vice versa. O manômetro pode ser digital ou analógico (de ponteiro).

Tanto o manômetro como a coluna d'água podem ser utilizados para verificar a pressão da válvula reguladora de gás, porém o manuseio do manômetro é mais simples.

TESTE DE ESTANQUEIDADE (Vazamento)

Após a instalação do medidor de pressão, ligar um queimador do fogão para eliminar o ar do sistema. Depois, desligue o queimador. Verifique a pressão estática (com todos registros fechados) do fogão, observe se a pressão parou de subir, caso não pare de subir, significa que a válvula reguladora não está com estanqueidade e deverá ser substituída.

A seguir feche o registro da válvula reguladora de pressão e observe por alguns minutos a pressão. Se estiver caindo, significa que há algum vazamento no sistema de abastecimento de gás e este vazamento deverá ser localizado com espuma de sabão.

Nunca descarte defeito nos registros de controle da chama. Verifique, com os registros fechados, se está saindo gás pelo furo do injetor, com espuma de sabão. Também, observe se não ocorre vazamento na conexão do injetor. Para isso, abra cada registro e feche o furo do injetor com o dedo e coloque espuma na conexão.

Sempre verifique as conexões das mangueiras com a coluna d'água ou manômetro, onde poderá haver vazamento, devido a isso é sempre bom testá-los com espuma de sabão.

MEDIÇÃO DA PRESSÃO

Abra o registro da válvula reguladora de pressão, acenda metade dos queimadores do fogão na posição máxima. A pressão de trabalho (dinâmica), para cada tipo de gás, tem que estar de acordo com a tabela a seguir.

Tipo de Gás

mm coluna (H2O)

Tolerância mínima
Tolerância máxima
GLP
280
240
330
Natural
200
170
230

Caso não esteja, a válvula reguladora de pressão deve ser trocada, pois ela é selada e não pode ser regulada. Caso seja observada alguma irregularidade no funcionamento do regulador, oriente o cliente para sua troca imediata.

Os fogões que operam com gás NATURAL, a pressão já vêm com regulada da companhia distribuidora de gás. Caso a pressão esteja fora do especificado oriente o consumidor que somente a companhia distribuidora poderá regular a pressão.

MANGUEIRAS PLÁSTICAS DE PVC.

As mangueiras plásticas de PVC para acoplamento em fogões a gás, também obedecem a normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e fiscalização do INMETRO.

Seu comprimento não deve ser maior de 80cm, e deve indicar em sua superfície inscrições legíveis e permanentes sobre uma faixa amarela localizada em toda a sua extensão. Verifique o tempo de validade da mangueira.

Para aparelhos de embutir, sempre utilize na instalação a mangueira metálica e a mesma não pode fazer contato com qualquer parte móvel da unidade de embutimento, por exemplo, gavetas.

COMPONENTES EXTERNOS DOS FOGÕES

 

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO FOGÃO

Após a abertura do registro do regulador de gás, o sistema de distribuição do fogão é preenchido de gás. Abrindo o registro do fogão, o gás é enviado para o injetor em direção aos queimadores, onde ocorre a combustão.

COMPONENTES INTERNOS DOS FOGÕES

TUBO DE DISTRIBUIÇÃO DE GÁS

Os tubos de distribuição (item 2) dos fogões domésticos são fabricados em forma de L ou em U e em suas extensões estão instalados os registros (item 1).

Dependendo da marca e modelo do fogão, os registros podem ter na saída os injetores ou um tubo, onde na outra extremidade do tubo é conectado um injetor. Sempre que realizar reparos onde os registros precisem ser substituídos deve-se tomar muito cuidado para não danificar a rosca, evitando assim a perda do registro e o aparecimento de futuros vazamentos.

Normalmente a vedação é garantida por intermédio de um anel de borracha, toda vez que um registro for retirado, este anel deverá ser substituído. Para detectar vazamentos, aplique água e sabão sobre as roscas dos registros e injetores.

Nunca teste vazamentos de gás com fogo. Nunca use fita teflon, pois ela irá obstruir a passagem de gás dos registros e injetores, além de derreter com o aquecimento. Caso a vedação dos registros não seja anel de borracha, use vedante apropriado ao rosquear os registros.

REGISTROS

Os registros são responsáveis pela ajuste de gás necessário para a manutenção da chama desejada. Os mecanismos internos dos registros são lubrificados com graxa grafitada, que opera também como vedante.

Podem ser fabricados de zamak ou latão e os componentes internos dos registros não devem ser desmontados para a manutenção sob pena de deixá-los com vazamento de gás. Atualmente os registros são utilizados principalmente para controle dos queimadores da mesa. Antes de julho 2006, eram utilizados também para controle do forno. Desse modo, a maioria dos fogões ainda tem registro comum para controle do forno.

O defeito que pode ocorrer no registro é vazamento no seu corpo. Pode ser por problema no projeto, tempo de vida ou entrada de sujeita. Outro problema é a rigidez da haste, ou seja, não se consegue girar o registro para abrir ou fechar. A rigidez quase sempre é por falha no projeto, devido a falta de graxa ou diferença da dilatação dos materiais internos.

VÁLVULA DE SEGURANÇA

A função da válvula de segurança é interromper automaticamente a saída de gás caso a chama do queimador da mesa, forno ou top grill se apaguem acidentalmente.

A partir de julho de 2006, todos os produtos comercializados no Brasil devem ter válvula de segurança nos queimadores do forno ou top grill. Assim, evita que ocorra um acumulo de gás dentro do forno caso a chama se apague durante o uso, evitando possíveis explosões que podem, além de danificar o produto, causar graves acidentes com o consumidor.

Na mesa, não é obrigatório a válvula de segurança, porém alguns modelos possuem.

Veja animação do funcionamento aqui.

Note na animação, que para manter a passagem de gás, o disco deve estar em contato com a bobina (magneto).

DICA: Muitas vezes, devido a falha no projeto do fogão, não se consegue ligar o forno devido ao manipulo encostar antes no painel e limitar o curso da válvula. A bobina não tem energia para "puxar" o disco. A bobina apenas mantém o disco, caso o mesmo já esteja em contato com a bobina (magneto).

A válvula de segurança está sujeita aos mesmos defeitos dos registro, vazamento e rigidez da haste. Além disso, o sensor termopar deve estar bem conectado na válvula, caso contrário, com mau contato, irá existir algo como uma resistência elétrica entre o sensor e a válvula. Assim, a válvula receberá uma tensão menor e não funcionar adequadamente.

SENSOR DE TEMPERATURA DA VÁLVULA DE SEGURANÇA

O sensor de temperatura é um termopar que gera uma pequena tensão elétrica (mV) que aciona a bobina (magneto) da válvula se segurança.

Medição da tensão do termopar

Para medir a tensão (mV) gerada no termopar que alimenta a bobina, ajuste um Multímetro para leitura de tensão em milivolt (mV). Deve-se medir próximo a conexão com a válvula.

O valor encontrado deve ser entre 4 à 8 mV. Caso não esteja, verifique o seguinte:

a) Se o termopar esta posicionado corretamente, pois a chama que faz o termopar gerar a tensão (mV).

b) Se a ponta do termopar se encontra limpa, livre de qualquer tipo de resíduo.

c) Caso o fogão possua timer, verifique seus contatos.

d) Se o valor estiver muito acima, por exemplo, mais de 15mV, quer dizer que não tem carga no termopar. Pode ser que a bobina esteja aberta, ou a conexão do termopar com a válvula esteja com mal contato.

TIMER

Alguns timers interrompem a passagem de gás após o tempo pré-ajustado. Normalmente tem uma posição manual e o queimador fica acesso como se não tivesse o timer. O timer pode comandar o queimador do forno ou da mesa, dependendo do modelo do fogão.

Outros timers mais simples, tem apenas a função de avisar por meio de uma campainha que o tempo pré-ajustado terminou.

Parte 1       Parte 2        Parte 3      Parte 4 

 

Curso de Manutencao de Fogoes - Parte 1