A maior probabilidade de acontecer esse problema (o chamado burn-in ) está nas imagens de alto contraste, como um texto muito brilhante aplicado sobre um fundo preto ou escuro. Nesses casos, alguns pixels são acendidos no nível máximo, enquanto outros próximos são completamente apagados.
Um bom exemplo é assistir a um vídeo 4:3 numa tela widescreen, com aquelas barras pretas nas laterais (o chamado efeito pillarbox). Ou, ao contrário, ver um filme gravado em 16:9 numa tela convencional (letterbox). Ou ainda um recurso muito usado hoje pelas emissoras: o chamado bottom-line, que são aquelas mensagens ou notícias que ficam passando rapidamente pela tela nos telejornais ou programas esportivos.
Assistir a TV por algumas horas com esse tipo de transmissão faz com que surjam fantasmas nas cenas seguintes – as barras do letterbox, por exemplo, permanecem mesmo se você passar para um programa em formato 4:3. Esses fantasmas são mais evidentes nas cenas claras.
O problema já foi mais grave. Muitos TVs de plasma modernos incluem recursos para redução do burn-in, como descanso de tela e sensores para manter os pixels constantemente em movimento (pixel shifting). Alguns desses recursos são invisíveis para o usuário.
Exemplos: os novos plasmas da Panasonic , inclusive o maior do mundo, de 150”, trazem o chamado “pixel wobbling”, enquanto os Pioneer Kuro têm algo chamado “pixel orbiting”; mas ambos fazem exatamente a mesma coisa: movem ligeiramente a imagem a determinados intervalos de tempo, de uma forma tão sutil que o telespectador não nota.
Em outros aparelhos, a forma de reduzir a visibilidade do burn-in é menos sutil: deixar o TV ligado com a tela totalmente branca por alguns minutos (em alguns casos, horas) até eliminar o tal fantasma.
Nos EUA, a maioria das emissoras de TV aberta e operadoras de cabo e satélite já descobriu que existem muitos plasmas no mercado e que é preciso evitar o problema do burn-in. Fabricantes de decoders – como TiVo, DirecTV, Dish e Scientific Atlanta – dão ao usuário a opção de trocar as barras pretas nas laterais da tela (pillarbox) por barras cinza; dessa forma, os pixels que estão na área das barras mantêm-se acesos o tempo todo.
Muitas emissoras também estão eliminando suas chamadas do tipo bottom-line, assim como pequenas imagens acessórias que podem ficar marcadas, como relógio, logotipo da emissora ou – em competições esportivas – o placar do jogo o tempo todo na mesma posição. Mas algumas fazem isso melhor do que outras.
A probabilidade de aparecer burn-in numa tela de plasma é maior nas primeiras 100 horas de uso. Nesse período, é recomendável manter o contraste em nível baixo (menos de 50%) e evitar programas que exibam imagens estáticas por longos períodos.
Um receio de muitos usuários é o de que jogar videogame por longas horas possa causar burn-in nos TVs de plasma. O raciocínio é que se um ícone ou símbolo permanece na tela muito tempo, o que é comum em jogos, aquela pequena imagem irá se impregnar na tela para sempre. Infelizmente, é verdade. A solução? Seguir a regra das 100 primeiras horas e tentar alternar o uso do videogame com outros tipos de imagem. Outro detalhe é que determinados TVs têm mais propensão ao burn-in do que outros. Em nossos testes, notamos o problema com mais freqüência nos modelos mais baratos. Embora nem todos os TVs de baixo custo apresentem essa deficiência, é mais seguro não tentar economizar nesse item.
Para os que costumam assistir muito telejornal e esportes, nossa dica é comprar um TV LCD, e não um plasma. Claro, para quem quer telas realmente grandes (acima de 50”), os plasmas ainda oferecem melhores níveis de preto e melhor ângulo de visão. Se puder, tenha um LCD para ver TV de dia e um grande plasma para seus filmes à noite.
Se há um produto que provoca a cobiça nos corações é a TV de plasma. Assim com os pneus radiais nos anos 70, uma grande tela de plasma é a tecnologia que todos querem ter. Mas boatos sobre a decadência do plasma – alguns novos, outros velhos – aumentaram recentemente. Críticos focaram nas fraquezas da tecnologia, comparando sua performance de forma desfavorável frente às telas de cristal líquido, a principal tecnologia concorrente em telas planas.
Se estas críticas ganharem corpo, isso pode trazer problemas para a LG, Panasonic, Philips, Samsung e Sony, companhias que continuam a investir bilhões de dólares na fabricação de displays de plasma e LCD.
Para responder a perguntas sobre a qualidade do plasma, vida útil, consumo de energia e outras características, várias destas companhias iniciaram campanhas para mudar a opinião pública.
“As primeiras versões de plasma tinham alguns problemas como a vida útil e o problema de latência de imagem”, disse Jeff Cove, vice-presidente e gerente geral para o grupo de produtos eletrônicos da Panasonic. “Mas velhas notícias estão influenciando como as pessoas percebem o produto. Não é algo que estava afetando, em absoluto, o nosso negócio, mas poderia afetar.”
A Samsung também está ouvido os boatos. “Nós temos apostas significativas em ambos os negócios e o plasma está levando a pior”, disse Jim Sanduski, vice-presidente de marketing da divisão de displays da companhia.
Larry Weber, um dos inventores da tecnologia do plasma, disse que publicidade recente, certa ou errada, sobre como os displays LCD poderiam tomar conta do mercado de telas de grandes dimensões, afetando a venda de telas de plasma. “Faz sentido as empresas de plasma darem a sua versão sobre isso”, disse ele.
E é o que elas estão fazendo. Na Consumer Electronics Show em Las Vegas, em Janeiro, executivos da Panasonic fizeram demonstrações comparativas das duas tecnologias, refutando sistematicamente as críticas da performance do plasma.
Em conversas casuais, os presidentes da Panasonic, a maior vendedora mundial de plasma, e Samsung, que fica em terceiro lugar, promoveram seu compromisso com o plasma, independente de ter alguém perguntando sobre isso.
O problema é que uma vez que a reputação de um produto cai em um buraco, não é tão fácil tirá-la de lá. “Você ouve grandes mentiras sobre o plasma”, disse Danielle Levitas, uma analista sênior da IDC, uma empresa de pesquisas.
Confrontadas com boatos das falhas de plasma em uma mão e com uma vigorosa defesa dos fabricantes na outra, o que o consumidor deveria fazer? Um comprador potencial deveria olhar os dois displays lado a lado e decidir qual é melhor: plasma, que tem milhares de pequenos tubos de gás que se iluminam para criar pixels, ou LCD, que tem uma fonte constante de luz e usa os cristais para deixar variadas quantidades de luz passar por cada pixel.
Mas a qualidade do vídeo que parece ótima no showroom pode ser terrível em casa, e vice-versa. “TVs são vendidas com o brilho e contraste no máximo”, disse Gerard Catapano, gerente de teste na divisão de eletrônicos da Consumer Reports. “Os fabricantes querem que você se impressione com o resultado, então as características visuais são extremas”.
Existem formas objetivas de comparar a performance de displays LCD e plasma. Aqui estão algumas diferenças entre eles:Tamanho da tela Telas de plasma não são fabricadas em tamanhos menores que 37 polegadas porque é muito difícil espremer um grande número de pixels de plasma em uma tela pequena. Fazer displays LCD em tamanhos maiores que 32 polegadas não é viável porque as fábricas não têm sido capazes de criar grandes painéis a partir de um único pedaço de vidro.
Mas novas fábricas, que podem produzir múltiplas telas LCD a partir de uma única lâmina de vidro, estão começando a operar. Como parte de um acordo entre Samsung e Sony, uma nova fábrica será capaz de produzir telas LCD com 40 polegadas ainda neste ano. Em outubro de 2006, a Sharp abrirá uma fábrica que produzirá telas LCD de 45 e 50 polegadas, dimensões dentro do espectro de ação do plasma.
Toda a nova capacidade de produção significa uma queda nos preços de displays LCD. Uma tela LCD de 42 polegadas que custava US$ 4500,00 no ano passado, cairá para US$ 1700,00 em 2008, disse Ross Young, presidente da DisplaySearch, uma empresa que faz pesquisas sobre o mercado de telas planas.
Preços para as telas de plasma devem cair da mesma forma. No ano passado, uma tela de 42 polegadas com alta definição era vendida por cerca de US$ 4200,00. Em 2008, ela deverá custar cerca de US$ 1800,00, não muito mais do que um LCD nas mesmas dimensões.
“O desafio para o plasma é que ele tem uma margem de vantagens muito estreita”, disse Greg Gudorf, vice-presidente de marketing para TVs da Sony Electronics. Acima de 50 polegadas, displays de retro-projeção que usam sistemas DLP (Digital Light Processing) ou outras tecnologias podem ser mais atraentes para os consumidores porque são mais baratos e não tem uma diferença significativa na qualidade da imagem, explica Gudorf.
Resolução
Para manter os preços do plasma baixos, alguns fabricantes têm vendido o que eles chamam de displays de definição melhorada (enhanced), em vez de modelos de alta-definição verdadeiros. Cada um recebe um sinal de alta-definição, mas a imagem final tem menos pixels, e, portanto, menor resolução.
Mas mesmo displays de plasma de alta-definição têm uma resolução menor que um display LCD. A imagem pode parecer próxima, dependendo da distância do aparelho. A partir de uma distância média de três metros, o olho não consegue distinguir pixels que são menores que um milímetro. Então fazê-los menores para compactar mais pixels em uma dada área não irá melhorar, necessariamente, a qualidade da imagem.
Mas assim como existem carros de alta potência, as pessoas querem performance mesmo que elas não precisem dela. Então algumas pessoas optam pela alta resolução de displays LCD, mesmo que seja difícil notar a diferença.
Contraste
Para parecer boa, a imagem de uma TV precisa mostrar tons verdadeiros de preto e branco. Fabricantes afirmam que os displays de plasma têm uma taxa de contraste de 3000:1, enquanto no LCD essa taxa cai para 800:1.
Mas os números não contam a história inteira. Em ambientes mais claros, os painéis LCD vão parecer ter um contraste muito maior; a luz rebatendo em displays de plasma atinge os fósforos da tela. Como resultado, seus pretos parecerão ser acinzentados. Menos luz é refletida em um LCD porque a tela polariza a luz e filtra sua cor.
A situação se inverterá se as luzes estiverem desligadas. Sem qualquer luz ambiente, o plasma parece ter um contraste igual ou melhor que os LCDs.
Para criar o preto em um display de plasma, afirma Weber, a atividade de descarga do gás sobre os pixels é diminuída. Mas no LCD, o preto é criado ao bloquear a luz. E cristais líquidos têm dificuldade em bloquear a luz em todos os ângulos.
Alguns acreditam que há pouca diferença entre o LCD e o plasma uma vez que as luzes estão desligadas.Reprodução de cores Os displays de plasma podem reproduzir uma gama maior de cores do que os painéis LCD. Mas esta diferença tende a diminuir. A Sony anunciou recentemente a linha Qualia 005, um display LCD que usa diodos emissores de luz em vez de uma lâmpada fluorescente como backlight, aumentando a gama de cores do LCD acima da dos displays de plasma.
Mas esta nova tecnologia do LCD ainda é muito cara: quando lançado, o modelo de 46 polegadas da Qualia custava US$ 12000. A Samsung vai lançar um modelo de LCD com 40 polegadas por US$ 9000, um acréscimo de US$ 5000 quando comparado ao modelo padrão. “Mas os preços destas tecnologias podem cair muito rapidamente”, afirma Sanduski.
Brilho
O plasma cria um pixel mais brilhante aumentando a carga aplicada ao gás. Quando cenas muito brilhantes são mostradas, a carga elétrica é diminuída para prevenir o superaquecimento do display, mas isso também diminui o brilho médio do display.
Uma tela LCD com sua luz de fundo constante pode ser percebida por algumas pessoas como capaz de produzir imagens mais vivas. “A imagem do LCD pode ser mais atraente que o plasma”, diz Catapano.Latência de imagem e vida útil Monitores LCD não estão sujeitos à latência de imagem, o efeito “burn-in” e, enquanto as lâmpadas de fundo do LCD podem ser substituídos, quando o display de plasma perde sua eficiência, a única saída é comprar um novo aparelho.
Os defensores do plasma dizem que o problema de burn-in não existe mais. E enquanto os primeiros displays tinham uma vida útil de cerca de 10 mil horas antes que seu brilho decrescesse pela metade, os painéis de hoje têm vida útil de cerca de 60 mil horas.
Alguns fabricantes como a Panasonic incorporam tecnologia para reduzir o burn-in nos plasma alterando ligeiramente a imagem. E os fabricantes alertam os usuários de que as primeiras 100 horas são especialmente importantes para evitar problemas de burn-in.Consumo de energia Considera-se que os displays de plasma consumem muito mais energia do que seus similares em LCD. Mas Weber argumenta que o LCD tem sua luz de fundo ativa continuamente, enquanto o plasma só consome energia quando um pixel está ativo, então, na média, o consumo de energia é bem similar. Mas nem todos concordam. Quando a Consumer Reports testou o consumo, descobriu que um LCD de 30 polegadas consumiu 133,5 watts, enquanto um plasma de 42 polegadas usou 346,5 watts.
Alguma da diferença pode ser atribuída ao tamanho maior do plasma, disse Catapano. Mas não toda ela. “Uma TV de plasma tem três fontes de força para um único aparelho. Isso é bem significante”, disse ele.
Quando a novela acaba
Então, quem leva a melhor? Avaliar a qualidade de imagem não é como anotar o placar em um jogo.
Gudorf, da Sony, diz que o brilho, contraste, cor e ângulo de visualização devem ser vistos em conjunto. “Se você focar em um dos aspectos sem examinar os outros, você não ficará feliz”, alerta.
Independente de se comprar um plasma ou LCD, o drama de ter cada um eventualmente surgirá. “No início, você fica deslumbrado e, depois de pouco tempo, percebe as imperfeições”, afirma Catapano.