Desde o fim da guerra dos formatos, em fevereiro, esperava-se que as vendas do Blu-ray, como vencedor, tivessem um aumento expressivo, compensando a falta do formato concorrente no mercado. Números mostrados pelo jornal norte-americano Hollywood Reporter , no entanto, não são tão otimistas. O artigo cita que, a continuar no ritmo atual, o crescimento do mercado de players e discos de alta definição não acompanhará as curvas obtidas nos últimos anos.
Em dezembro, quando o duelo da Sony com a Toshiba fazia o mercado ferver, os DVDs HD eram o presente mais desejado para o Natal e as vendas de Blu-ray representavam 63% do segmento, no mercado americano. Em março, primeiro mês após o fim da disputa, a vantagem do Blu-ray subiu para 81%, de acordo com o instituto Redhill Group. No primeiro trimestre deste ano, 4,9 milhões de filmes de alta definição foram vendidos, dos quais 3,8 milhões foram Blu-ray. Isso representa a metade de dos 9,8 milhões de cópias dos 536 diferentes títulos que foram vendidos nos EUA desde a introdução dos dois formatos.
Os números, apesar de parecerem expressivos a partir da segunda quinzena de fevereiro, quando o consórcio HD-DVD jogou a toalha, não compensaram a queda de mercado de DVDs convencionais, que teve seu pico há dois anos atrás, em termos de faturamento. O analista Jason Bazinet, do Citigroup , afirma que as vendas mundiais de filmes em DVD caíram de US$ 25 bilhões em 2006 para US$ 23,1 bilhões em 2007; e devem fechar 2008 em US$ 21,4 bilhões. “Parece que a indústria está baixando os preços para manter a demanda aquecida”, afirmou Bazinet em um recente estudo de mercado para 2008.
Os títulos de catálogo têm sido os maiores responsáveis pelo declínio das vendas. Enquanto a Disney faz uma média de US$ 2,3 milhões de por ano em cada um dos seus 990 títulos, a maioria dos estúdios não gera mais do que US$ 300.000! A Warner, por exemplo, tem o faturamento por título mais baixo do mercado, já que grande parte de seu acervo é em preto e branco.
O analista Michael Nathanson, do Instituto Bernestein , também concluiu que desde o fim da guerra dos formatos, o interesse pelos discos Blu-ray não está tão grande quanto se esperava. Ao final de 2007, havia pelo menos 3,5 milhões de players Blu-ray nos lares americanos. Na média, cada um desses lares comprou 3 filmes no formato. Nathanson lembra que, na introdução do DVD convencional, há cerca de dez anos, a média era de 30 títulos por player.
Essa disparidade não é surpresa. Os americanos estão tão contentes com a evolução do VHS para DVD que não pretendem, tão cedo, fazer uma nova troca dos seus DVDs convencionais. Além disso, a maioria dos players Blu-ray já está nas residências, pois a Sony os incorporou nos consoles do videogame PlayStation3. Muitos usuários do console nem chegam a perceber que possuem um Blu-ray em casa.
Até que os fabricantes reduzam o preço dos players para algo em torno de US$ 200 (o preço médio, atual, está em US$ 370), o mercado americano não adotará essa tecnologia como um produto de massa. Essa é a previsão dos analistas da área. Para Nathanson, isso só acontecerá no final de 2009. Ele diz ainda que muitos lares irão substituir apenas parte da sua coleção de discos pelo novo formato, particularmente os filmes de ficção científica. “Temos muito tempo pela frente para tentar entender por que um consumidor iria a uma loja para comprar ´O clube dos pilantras´ ou ´Sintonia de amor´ na versão Blu-ray se já tem o título em definição standard”, afirmou.
O analista imagina que o atuais usuários de Blu-ray comprarão, eventualmente, uma média de 6 a 10 títulos. A um preço pelo menos 10 a 15 dólares superior à mídia convencional, seguramente essas compras irão colocar, novamente, o mercado de vídeo doméstico em uma curva ascendente. Considerando que as vendas de Blu-ray irão canibalizar uma grande parte do faturamento do formato convencional, Nathanson afirma que durante o período de 2007 a 2011 o mercado de vídeo doméstico poderá crescer 2,4% ao ano, em faturamento. Sem o Blu-ray, ele estima que o crescimento seria de 2,2% no mesmo período.
A previsão leva em conta que os players Blu-ray (sem considerar aqueles incorporados ao PlayStation, que deverão chegar a 1% dos lares americanos ao final deste ano) estarão em 25% das residências ao final de 2011. Ele também assume que o preço médio de um disco Blu-ray irá cair de 28 dólares este ano para 24 dólares em 2011, e que o faturamento dos filmes vendidos nos Estados Unidos no formato Blu-ray irá crescer de US$ 260 milhões ao ano para US$ 4,24 bilhões em 2011.
Autor: Daniel Serrano
Fonte: https://revistahometheater.uol.com.br